Automobilismo Virtual - Análise Gran Turismo 5
O aviso é para aqueles que têm conhecimento de pilotagem na vida real e que buscam no mundo virtual o máximo de realismo na simulação de com...
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O aviso é para aqueles que têm conhecimento de pilotagem na vida real e que buscam no mundo virtual o máximo de realismo na simulação de comportamento de carros em alta velocidade, sejam eles de corrida ou carros de passeio.
Atualmente, os gráficos dos jogos do gênero são muito bem feitos, o que traz uma ilusão no julgamento dos game maníacos sedentos por novidades e em aproveitar o máximo da performance do seu console.
É sob a ótica técnica e realista que essa análise de Gran Turismo 5 (GT5) foi baseada e para uma franquia de tanto sucesso, que prometia realismo, o game é o pior "simulador" de corridas que já experimentei, mesmo utilizando volante G27 devidamente calibrado. Portanto, vamos por tópicos.
1 - O carro se descontrola sem lógica nas reduções.Mesmo carros de competições, que são apropriados para as exigências de uma corrida profissional como 24h de Le Mans ou Nürburgring-Nordschleife, o freio motor funciona de forma descomunal e em extremos. Em regime médio de rotações é simplesmente nulo e em giros altos ou baixos simplesmente entrega toda a potência (!?) no diferencial, fazendo o condutor perder controle do carro ao se aproximar de uma curva ou ao preparar uma freada.
2 - Sem ABS, qualquer pisadinha no pedal faz os freios travarem e o carro rodar como um peão.
Esse é talvez o pior aspecto do jogo. Piloto de verdade não utiliza ajudas, primeiro pelo prazer de ter o controle do carro nas mãos e também por não ser necessário para pilotar. Sempre foi assim desde os primórdios do automobilismo. Sem o Sistema Anti-Bloqueio (ABS) frear se torna uma missão impossível. É óbvio que é mais difícil fazê-lo em um veículo sem o dispositivo, porém não deveria ser de forma tão absurda. Explicando de forma técnica, frear em carros de corrida consiste em aplicar uma força considerável no pedal de imediato, uma vez que nesse ato todo o peso aplicado é deslocado para a dianteira e dessa forma, à medida que diminui a velocidade, alivia-se a pressão no pedal de freio para que as rodas não travem. Esse processo é menos radical em carros de rual, justamente pelo acerto de suspensão padrão para esses bólidos. Porém, em Gran Turismo 5, mesmo que você aplique apenas 5% ou menos de curso do pedal de freios do joystick de volante e pedais, as rodas travam e o carro fica desgovernado. Essa deficiência só é amenizada nos níveis mais elevados de progresso com ajuste de distribuição de freios. Ainda assim, o problema continua evidente. Talvez os desenvolvedores, na tentativa de "profissionalizar" o game, exageraram na calibragem e inseriram dados que tornaram a física do jogo bizarra.
3 - Sem Controle de Tração, mesmo com um Lamborghini Gallardo, na chuva em Nordschleife, pode-se pisar a vontade no acelerador que o carro não roda.
Esse é um ponto muito importante e onde o erro de concepção do game é inadmissível! Oras, se para frear o carro torna-se tão descontrolado, o mesmo deveria ocorrer nas acelerações, certo? Errado! Corra em Nordschleife com chuva e faça o teste. Desligue o Controle de Tração (TC), entre em uma curva e na saída pise fundo no acelerador. O carro não roda! Alguns diriam "mas é uma Lamborghini, tem tração integral!" Pois faça o teste com uma Ferrari ou outro carro de tração traseira e verás que o mesmo ocorre, com um pouco de oscilação, mas longe do que aconteceria se estivesse pilotando o mesmo carro na realidade. Parece até que trocaram as funções de comportamento entre freio e acelerador. Igualmente bizarro.
4 - Não há diferença de comportamento entre carros de tração dianteira, traseira e integral.
Outro ponto importante e que foi mais uma mancada é a diferença de comportamento entre carros de diferentes tipos de tração. Mais uma vez utilizando as técnicas de pilotagem, em veículos com tração dianteira, se você perde o controle da traseira em uma curva é necessário manter a aceleração para dessa forma a frente do carro "puxar" a parte de trás de volta para a pista. Já nos carros com tração traseira o processo é o contrário. Se a traseira do carro escapa, alivia-se um pouco o pé do acelerador para recuperar aderência e controle. Nos carros com tração integral, faz-se o meio termo, dependendo das circunstâncias. Pois bem, em Gran Turismo 5 esqueça tudo isso. Os carros respondem com diferenças mínimas de comportamento, ou seja, tanto faz pisar de mais ou de menos, se você tiver habilidade suficiente, controla o carro e continua a corrida.
O que mais impressiona é que tudo isso ocorre no modo GT, que segundo diz a franquia, é o mais realista possível!
Porém, os amantes de carros, no que diz respeito às representações gráficas dos mais de 200 carros oferecidos, são excelentes e os pegas on-line são realmente bons, seja no modo GT ou Arcade, uma vez que toques não fazem o carro rodar. O tuning também é um bom atrativo, assim como os mimos que são disponibilizados com o progresso da carreira, como pinturas, acessórios e carros especiais. E só.
Gran Turismo 5, jogo oficial de corrida para Playstation 3 com chancela da Nissan, é o maior engodo do automobilismo virtual de todos os tempos. Com alarde de ser um jogo mais realista, foi na verdade feito puramente para explorar as qualidades gráficas do Playstation 3. Assim como é com o Formula 1, Forza Motorsports, Ridge Racer e Need For Speed (este último sem dúvida o mais decepcionante, pois começou como simulador e se tornou mais um jogo bonitinho e medíocre no estilo Arcade), são apenas perfumaria.
Com mais de 10 anos do lançamento, mesmo com gráficos defasados em relação aos jogos citados, rFactor continua como referência no quesito realismo, assim como o iRacing, StockCar, os games da série GTR e similares, absolutos como os games (este sim, simuladores) mais fiéis quando se trata de imitar no mundo virtual a forma como se comportam carros de passeio e de corridas reais. Tudo devido à minúcia técnica de acertos diversos como relação de marchas, suspensão, e alinhamento aplicados à física do jogo. Não é atoa que os pilotos profissionais preferem estes títulos e na maioria das vezes, os que não conhecem os simuladores continuam jogando Need For Speed e afins até se depararem com a discrepância.
Portanto, gostar ou não de Gran Turismo é uma questão de foco e princípio de cada jogador. Se o caro piloto virtual deseja ver carrões com representações gráficas primorosas, siga com o game que não terá decepções. Entretanto, se o foco é realmente desfrutar de uma experiência única em se tratando de guiar carros de corrida, fuja dos games para consoles Xbox e PlayStation 3. São um desperdício de tempo e dinheiro. Mantenha-se no computador, pois é onde estão os simuladores de corrida mais realistas.